VW Gol

Do início difícil ao título de carro mais vendido da história do país



Por Daniel de Jorge

Na tentativa de salvar o projeto, a equipe de engenheiros da VW teve que trabalhar com muita agilidade. E os apenas pequenos ajustes que normalmente são feitos em um carro recém lançado se transformaram em muitas mudanças para um modelo que nem bem havia completado um ano de vida. O primeiro passo foi o lançamento do motor movido a álcool, para combater o concorrente 147, da Fiat e aproveitar o "alento" de potência que a maior compressão de um motor a álcool permitia.

Outra mudança envolvia as versões do modelo. A "S" substituía a "standart" (sem nomeclatura) e passava a ser a básica do compacto, mas sem grandes adições em itens de série ou opcionais. Para o topo da linha, foi lançada a versão LS. Porém, a mudança mais importante foi a troca do raquítico motor 1.3 de carburação simples e 42 cv pelo 1.6 (ainda refrigerado a ar) de dupla carburação e 56 cv quando movido a gasolina. Essa alteração era extremamente positiva para o modelo, mas acabou gerando um problema: a diminuição do espaço no porta-malas. Mas compensava no fim das contas, tanto para a empresa quanto para seus clientes. Isso acontecia porque o novo motor tinha bloco e carburador maiores, obrigando o estepe a migrar do "cofre" do motor para o porta-malas, roubando-lhe muito espaço. Alguns meses depois, a VW percebeu que se passasse a montar o estepe de maneira invertida ao qual era montado a época do motor 1.3, o mesmo caberia no cofre do motor novamente e com isso o espaço foi "devolvido" ao porta-malas. Diz a lenda que a ideia partiu de um cliente da marca, mas o que interessa é que veio a calhar.

Volkswage Gol
Inverteram o estepe e ele voltou a ficar sob o capô.

Como é possível perceber, 1981 foi um ano bastante agitado e de mudanças significativas na linha VW por conta do Gol. O compacto começava a originar novos modelos daquela que era chamada "família BX". Para substituir a Brasília nasceu o sedan Voyage que, apesar de ser um Gol com 3 volumes, vinha equipado com motor 1.5 "a água" (novamente falamos em refrigeração, obviamente) do Passat, com 65 cv, além de frente mais atraente que a do hatch que lhe deu origem ao utilizar os piscas ao lado dos faróis, ao passo em que o Gol os utilizava nas extremidades do pára-choques dianteiro. Os faróis também eram diferentes dos que equipavam o hatch (maiores) e suas versões abrangiam, além das S e LS do Gol, uma mais requintada, denominada GLS.

Voyage
O sedã Voyage batia de frente com o Chevrolet Chevette e com as versões básicas do Ford Corcel.

Boa parte dos itens que diferenciavam o Gol do Voyage eram bons indicativos do que estava por vir ao hatch, principalmente por que as vendas do mesmo não emplacaram nem com o "novo" motor 1.6 a ar: As vendas do carro acabaram caindo em relação ao ano de lançamento e apenas 38.595 unidades do Gol saíram das concessionárias.

O Gol é um dos carros compactos da VW no Brasil e também de alguns mercados de países em desenvolvimento. Em sua história desde que foi lançado, sempre teve a mesma configuração hatchback de 2 volumes, que só ganhou versão de 4 portas em 1998, já na segunda geração. O modelo originou uma família, contando com o sedan Voyage, a Station Wagon Parati e a picape Saveiro.

Quando surgiu, em 1980, o Gol já recebia uma missão das mais ingratas: fazer o brasileiro parar de comprar o Fusca, o carro nacional mais vendido de todos os tempos até então e que sempre esteve no coração do brasileiro graças a qualidades como robustez e mecânica simples, além de baixo custo de manutenção. Isso porque carros mais modernos, como o Fiat 147, começavam a roubar mercado da montadora alemã na categoria dos compactos e a mesma tinha que se mexer antes que fosse tarde.

Acompanhe nesta história o ano a ano da jornada de sucesso deste carro. Publicaremos regularmente as atualizações de cada ano, portanto, seja sempre bem vindo de volta ao site para conferir!

1980 - O bem sucedido Gol começou derrapando.

VW Gol

Linhas simples e bem resolvidas, o Gol era a aposta da VW para substituir o Fusca.
(foto: Gol S 1980)

Em 1980, após 5 anos de trabalho, a Volkswagen lançou no Brasil o carro que teve a missão mais importante da história da marca por aqui: atrair os compradores do carro mais vendido do Brasil em todos os tempos, o VW Sedan (que só passou a ser oficialmente chamado pela VW de Fusca em 1984, mas iremos chamá-lo assim por todo o texto). Compartilhava com o antiquado "besouro" o fraco motor 1.3 "à ar" em ambas as versões (standart, sem sigla, e S) de carburação simples. E justamente o motor que tanto atraía as pessoas a comprarem o Fusca foi apontado como o principal motivo pelo Gol ter encalhado nas concessionárias.

VW Gol

O motor, apesar de ser o mesmo 1,3 litro encontrado no Fusca, rendia 42 cv ante os 38 cv produzidos no "besouro", graças a a diversas atualizações e à menor vazão da turbina de arrefecimento pelo fato do motor ser instalado na dianteira e receber naturalmente boa refrigeração pelo simples deslocamento do carro. Para não canibalizar as vendas da Brasília, que ficaria em linha por mais alguns anos, a VW manteve exatamente o mesmo motor do Fusca no novo hatchback, ao invés de equipar o compacto pelo menos com o 1.6 de dupla carburação que a própria Brasília tinha desde 1976.

VW Gol Outra característica do modelo era a posição longitudinal do trem de força, herança do seu distante parentesco com o Passat, que entrou em produção na Europa em 1974, apesar da Volkswagen já vender carros com trem de força disposto transversalmente, como o Golf, um grande sucesso de vendas na Europa até hoje.

O comportamento dinâmico do Gol era notável para a época, pois o acerto permitia o contorno de curvas com muita segurança, o que fazia dos 42 cv desenvolvidos pelo motor ainda mais decepcionantes. Ainda, os freios utilizavam duplo circuito em diagonal e discos na dianteira. Em relação aos concorrentes era uma clara evolução e compará-lo ao Fusca chegava a ser covardia.

Os principais concorrentes do modelo em 1980 no mercado nacional eram o Fiat 147 e o Chevrolet Chevette hatchback. Foram vendidos 46.733 unidades do carro em 1980, longe do líder de vendas no Brasil naquele ano, o... Fusca.

1981 - Ainda não foi o ano de embalar em vendas.

VW Gol

Excesso de mudanças rápidas indicavam a necessidade de salvar o projeto.
(foto: Gol L 1981)

VW Gol

Na tentativa de salvar o projeto, a equipe de engenheiros da Volkswagen teve que trabalhar com assertividade. E os apenas pequenos ajustes que normalmente são feitos em um carro recém lançado se transformaram em muitas mudanças para um modelo que nem bem havia completado um ano inteiro de vida. O primeiro passo envolvia as versões do modelo. A nova "S" substituía a versão sem nome e passava a ser a básica do compacto, com novo e melhor revestimento dos bancos como única mudança prática. Para o topo da linha, foi lançada a versão LS no lugar da S. Porém, a mudança mais importante foi a troca do raquítico motor 1.3 de carburação simples e 42 cv pelo 1.6 (ainda refrigerado a ar) de dupla carburação e 55 cv quando movido a gasolina. Essa alteração era extremamente positiva para o modelo, mas acabou gerando um problema: a diminuição do espaço no porta-malas. Mas compensava no fim das contas, tanto para a empresa quanto para seus clientes. Isso acontecia porque o novo motor tinha bloco e carburador maiores, obrigando o estepe a migrar do "cofre" do motor para o porta-malas, roubando-lhe muito espaço. Alguns meses depois, a VW percebeu que se passasse a montar o estepe de maneira invertida ao qual era montado a época do motor 1.3, o mesmo caberia no cofre do motor novamente e com isso o espaço foi "devolvido" ao porta-malas. Diz a lenda que a ideia partiu de um cliente da marca, o que dificilmente será comprovado.

Como curiosidade, o Gol 1.6 refrigerado a ar movido a álcool é o único caso que se tem notícia de menor potência comparado ao correspondente a gasolina: 51 cv.

Como é possível perceber, 1981 foi um ano bastante agitado e de mudanças significativas na linha VW por conta do Gol. O compacto começava a originar novos modelos daquela que era chamada "família BX". A Brasília saía de linha ao final do ano, muito provavelmente canibalizada pelo Gol de novo motor. As vendas do Fusca despencaram, atingido em cheio pela concorrência, já que o Gol acabou vendendo menos em 1981 do que em 1980.

1982 - Ano da primeira série especial

VW Gol

O Gol Copa virou peça de colecionador.
(foto: Gol Copa 1982)

Nenhuma alteração significativa foi aplicada ao Gol para a linha 1982, afinal, era um modelo novo e que já havia recebido alterações importantes no ano anterior.

Alguns fatos, porém, foram relevantes em 1982. O primeiro deles é o lançamento da versão "Copa". Obviamente para celebrar o torneio de seleções de futebol, era basicamente um LS com pomo de câmbio e rodas de liga-leve do golf alemão (que surgiram pela primeira vez no protótipo EA276, de 1969), revestimento em veludo, faróis de longo alcance instalados no parachoques, caracterização por adesivos e cor azul exclusiva.

VW Gol

As vendas do Gol começam a ganhar fôlego em 1982 e a intensa publicidade do Gol "Copa" ajudou bastante. As vendas praticamente dobraram em relação ao ano anterior, parte às custas das vendas cambaleantes do Fusca, que dava sinais claros que sua saída de linha era questão de tempo, e o fim da VW Brasília.

1983 - Boas vendas ratificadas

VW Gol

O Gol começava a convencer os fiéis donos do Fusca.
(foto: Gol LS 1983)

No terceiro ano de vida do compacto hatchback, a VW confiava que seu sucesso definitivo viria em breve, o que acabou se comprovando com as vendas do modelo, ainda melhores que as de 1982. Isso por que a marca novamente não apresentou qualquer mudança significativa para o carro (exceto os logotipos espalhados pelo carro, que foram alterados), fato que, como vimos, se restringiu apenas a ele dentro de sua família, já que Voyage e Parati tiveram mudanças de ordem mecânica. O ano representou o surgimento da picape leve Saveiro, aumentando a família que o Gol originara.

Ao final de 1983, a Ford lançava o Escort, modelo de porte médio cuja versão de entrada, denominada L, tinha preço próximo ao Gol LS mais equipado, aumentando a concorrência sobre o Volkswagen, que também recebia forte ataque do Chevette reestilizado, com linhas bastante inspiradas no Monza, grande sucesso da época.

1984 - O jogo começa a virar

VW Gol

O Gol GT, resposta da Volkswagen ao Ford Escort XR-3.
(foto: Gol GT 1984)

Nas versões que já existiam, pouca coisa mudou no Gol. O painel da família toda ganhava fundo cinza e o interior ganhava novos padrões de revestimento dos bancos.

Já as opções de versões do Gol dobrou para 1984 e as novidades estavam na ponta mais barata e na ponta mais cara da tabela do carro. Começando pela ponta de entrada, a versão L deixa o posto de mais em conta do modelo para a versão BX. A mecânica era idêntica, incluindo o motor 1.6 refrigerado a ar herdado da Brasília, mas o revestimento interior era simplificado, itens de série como banco traseiro bipartido removido e até a luz de ré foi sacrificada. O modelo aposentava o Fusca GL, deixando o velho besouro apenas com a versão standard, com foco em frotas, numa clara mostra de que o ciclo de vida do modelo estava chegando ao fim.

VW Gol

Campanha publicitária do Gol GT estranhamente destacava a esportividade do carro... na terra.
(foto: Gol GT 1984)

Na outra ponta da tabela, enfim o Gol entra na era dos "VW à água", apresentando o esportivo Gol GT, para bater de frente com o bem sucedido Escort XR-3, recém lançado pela Ford. Para fazer do hatch um verdadeiro esportivo, a VW utilizou o mesmo MD 270 do Passat, só que com pistões e cilindros maiores, passando de 1.6 a 1.8. Possuía também comando de válvulas de Golf GTI alemão, como resultado, rendia 99 cv com etanol (16 a mais que o Escort). A aceleração 0 a 100 km\h era feita em 10,5 segundos, ante 13 do Escort XR-3. Comparar aos mais de 20s das demais versões do Gol era covardia. O GT vinha com a mesma base de luzes dianteiras de Voyage\Parati, com faróis maiores e setas nas laterais, além de acabamento completamente atípico da simplicidade que imperava no carro que nasceu para substituir o Fusca, incluindo bancos RECARO tipo concha com revestimento sofisticado, relógio digital no console, painel de iluminaçãoo vermelha, conta-giros e um incoerente vacuômetro, além de volante de Passat TS, o famoso "quatro bolas". O GT também vinha equipado com rodas esportivas de liga-leve aro 14" (a conhecida snowflake), faróis de longo alcance, escapamento duplo, aerofólio, saias laterais, spoiler e seções pintadas em preto fosco.

Quem também apareceu em 1984 foi um concorrente que se revelaria dos mais ferrenhos ante o Gol: o Fiat Uno. Nascido para substituir o 147, possuia linhas muito modernas e um projeto muito interessante, mas o lançcamento das versões BX e GT mostraram que a Volkswagen não estava disposta a ceder à concorrência tão facilmente.

1985 - Novo motor para o hatch

VW Gol

O GT já não era o único Gol refrigerado à água
(foto: Gol GT 1985)

Se em 1984 a VW deu mostras de que tinha disposição em investir alto para que o Gol se tornasse um sucesso, no ano de 1985 finalmente o compacto entrava na era na qual seus irmãos já estavam desde que haviam nascido: a dos motores refrigerados à água. As versões S e LS passavam a ser equipados com o MD 270 que Voyage e Parati já haviam aproveitado do Passat, passando a ser um carro superior em quase todos os aspectos - a estabilidade do carro teve uma ligeira piora com a adoção do novo motor por conta do maior peso do conjunto sobre o eixo dianteiro, já que um motor "boxer" (caso do motor "à ar" da VW) por sua própria concepção (cilindros contrapostos), permite um centro de gravidade mais baixo, além do menor peso do conjunto. A Volkswagen manteve o motor "à ar" apenas na versão de entrada BX. Nesse mesmo ano, o Gol GT ganhou um câmbio de 5 marchas, assim como todos os membros da "família BX", exceto o Gol BX e Saveiro S (carros com motor à ar). O GT também ganhou faróis de milha instalados no parachoques.

Mas não parou por aí. O Gol S e o LS ganharam a parte dianteira com os mesmos detalhes de Voyage e Parati, além de retrovisores idênticos ao do Gol GT, mudança que se estendeu aos demais membros da família. Internamente, os revestimentos mudavam novamente e o fundo do painel voltava a ser preto, porém, com novas grafias e ponteiros indicadores em vermelho.

1986 - Foco na evolução mecânica continua

VW Gol

Surge o famoso motor AP, desaparecem o Gol BX e o motor refrigerado a ar na linha.
(foto: Gol BX 1986)

A VW mostrou que estava empenhada em evoluir a sua linha de motores e apresentou aos brasileiros o motor AP, uma evolução do MD 270, apresentada por aqui nos anos 70 no lançamento do Passat. O novo motor trazia pontuais evoluções técnicas, mas o principal ganho que o AP trazia era uma sensível melhora no ganho em escala de produção, uma vez que o bloco e o cabeçote das versões 1.6 e 1.8 eram idênticos. A potência das versões equipadas com motor 1.6 subia dos 81 cv do MD270 para 90 cv e o 1.8 estreava com 96 cv para os veículos "normais" e 99 para o esportivo Gol GT, uma vez que para este foi mantido o cabeçote "bravo" de Golf GTi alemão. Todos os números apresentados foram obtidos com unidades movidas à etanol. Intrigante foi o fato dessa versão do motor AP ter os mesmos 99 cv do motor 1.8 que equipava o GT até 1985, ainda derivado do MD 270. Seria por que carros com mais de 100 cv entravam em outra segmentação de impostos? A notar pela melhora do desempenho sem que qualquer outra alteração técnica tivesse sido feita, podemos considerar que sim, hipotéticamente...

Uma nova série especial foi apresentada, a "Plus", com itens como faróis auxiliares no parachoques, calotas de Santana CS, pintura dourada exclusiva e acabamento mais caprichado, com revestimentos em tom bege, combinando com a pintura externa. Quem saia de cena em meados do ano era o último remanescente da geração "à ar", o básico Gol BX.

Com a maturidade do Gol e vendas embaladas em toda família, o Fusca finalmente saía de linha, 8 anos após o mesmo acontecer na Alemanha e 6 anos depois do lançamento do Gol. Um dos concorrentes do Gol que também se despedia do mercado era o 147, substituído de vez pelo Uno, nos mesmos moldes do Gol substituindo o Fusca.

1987 - Gol vira líder de vendas

VW Gol

Nomemclatura de toda linha muda na primeira reestilização mais extensa do modelo.
(foto: Gol GTS 1987)

Entranto no 7º ano de mercado, o Gol precisava reagir às mudanças de seus diversos concorrentes. Com isso, a VW fez algumas alterações bastante assertivas, focando a parte externa da família. O novo desenho apresentava nova dianteira, com capô 5 cm mais baixo, novos pára-choques, que passaram a ser envolventes, nova grade, faróis menores (e novamente menores que dos irmãos Voyage e Parati) e com melhor integração ao desenho da carroceria, slém de novas lanternas traseiras, agora maiores.

A versões também mudaram bastante. Pouco mais de 6 meses após aposentar o Gol BX, a Volkswagen lançou o Gol C, mas com motor AP e foi 'privilegiado' com lanterna de ré por forçca da lei, algo que o Gol BX nunca teve. O Gol C ainda não tinha encostos de cabeça, o revetimento dos bancos mantinha o mesmo vinil do BX, assim como o câmbio de 4 marchas. Na verdade, o foco do Gol C era o mercado de frota de empresas e pouco chegou às mãos do consumidor final.

VW Gol

Hatch voltava a ter faróis menores que Voyage e Parati na linha 87.
(foto: Gol GL 1987)

Já a versão CL substituía a versão S, com mudanças também no padrão de revestimento interno. A versão LS se transformou em GL e ganhou as calotas do extinto Gol Plus como item de série, além de novo revestimentos interno. Finalmente o GT virou GTS, que ganhou também novas rodas de liga-leve.

Ao final de 1987 o Gol foi o carro mais vendido do país em um ano inteiro pela primeira vez, mostrando que a Volkswagen finalmente acertara na substituição do Fusca. A concorrência, porém, se intensificava. O Uno ganhou a versão 1.5R, com tempero esportivo em todo conjunto mecânico, acabamento e que poderia roubar vendas do Gol GTS, além de nova motorização 1.3 para a versão S, no lugar da 1.05. Surgia também o Monza SR para concorrer com o Gol GTS (e também cm Passat GTS Pointer) que, apesar do motor 2.0, tinha desempenho inferiorao GTS principalmente pelo seu peso elevado. As versões mais em conta enfrentaram também um Chevette levemente reestilizado (nova grade e lanternas) e com acabamento acima da média da categoria. Da Ford, o Escort era reestilizado, alinhadoem estilo com o europeu, e as versão L e XR3 continuavam batendo de frente com o Gol GL e GTS, respectivamente, mas nada disso impediu o Gol de ter chegado ao lugar mais alto do ranking de vendas no Brasil pela primeira vez na história, posto que o Fusca, modelo que substituiu, ficou por muito tempo.

1988 - Beleza interior.

VW Gol

Agora é a vez da mudança no painel de instrumentos.
(foto: painel Gol GTS 1988)

Após a mudança de metade da vida útil da primeira geração, focadas no exterior do veículo e que ajudou o Gol a alcançar a liderança de mercado em 1987, a VW mudou o foco e centralizou as mudanças de 1988 na parte interna do veículo. Basicamente mudava tudo no painel, porém, nada mudava no restante do interior. A partir da versão GL, inclusive, os comandos passaram a ser do tipo "satélite", como nos Fox americanos da época (nossos Voyage e Parati muito melhorados). Na versão GTS, os instrumentos do painel passavam a ser idêntico aos dos Santana GLS.

VW Gol

Para não falar que a parte externa fora completamente esquecida, a VW substituiu os pequenos retrovisores externos anexados à porta por outros maiores, iguais ao da linha Santana e também colocados em nova posição, facilitando o seu uso. A versão GTS passou a ter a dianteira diferente do restante das versões do Gol e iguais ao que equipava Voyage e Parati, condição similar ao que acontecia em 1984 com o Gol GT e as demais versões.

A versão C deixava de ser produzida, abrindo espaço para diversificar os pacotes de opcionais da versão CL. Novamente o Gol era o carro mais vendido do país.

1989 - Injeção sem dor

VW Gol

Surge o primeiro carro com injeção eletrônica do Brasil: o Gol GTI.
(foto: Gol GTI 1989)

Aa maior mudança de toda linha Gol até então veio no final de 1988, mas oficialmente como linha 1989: a VW apresentou o esportivo Gol GTI, primeiro modelo nacional equipado com injeção eletrônica. O carro vinha com o motor AP 2.0 e o sistema de injeção LE- Jetronic fabricado pela Bosch, com 1 bico injetor por cilindro, central analógica e ignição mapeada. Era uma grande evolução no mercado nacional, com eliminação do carburador, do afogador, e sensíveis aumentos de potência, torque e suavidade de funcionamento. Apesar do álcool ser o combustível da maioria dos carros à época, o motor do GTI era gasolina, um preço a se pagar pela primazia no emprego da tecnologia, uma vez que um sistema de injeção para o motor à álcool ainda levaria certo tempo para ser desenvolvido.

Além da injeção eletrônica, outras características eram marcantes no GTI: sua cor era o "Azul Mônaco", exclusiva para o carro, além de freios a disco ventilados na dianteira. E o modelo que nasceu 8 anos antes com mecânica de Fusca e acabamento simplório, atingia um nível que nem o mais otimista dos fãs do carro imaginaria. O modelo vinha com acabamentos similares aos da versão GTS nos materiais, mas com diferenças sutis na decoração. A marca anunciara desempenho empolgante, com aceleração 0-100 km\h em 9 segundos e uma velocidade máxima de 185 km\h. São números respeitáveis e a aceleração do modelo permanece como a melhor do Gol em todos os tempos.

Com destaque tão marcante para o GTI, pouca coisa sobrou para as demais versões. A Volkswagen alterou o padrão de revestimento dos bancos das versões CL e GL. Foi lançada uma série especial no Gol, a "Star", Era basicamente o Gol CL equipado com o volante do extinto e saudoso Passat GTS Pointer, conta-giros e calotas do Gol GL pintadas na cor do carro de, além do motor AP 1.8 - não o 1.8S, com comando de válvulas de acerto esportivo do Gol GTS.

Em 1989, o Gol ganhou um novo concorrente não tão direto, mas de respeito: o Chevrolet Kadett. Moderno para os padrões da época, tinha na versão SL um concorrente em preço para o Gol GL e na versão esportiva GS um concorrente para o Gol GTI, só que mais caro e sem injeção eletrônica. A ofensiva não foi suficiente para tirar do Gol novamente o título de veículo mais vendido do Brasil.

1990 - Em busca da economia

VW Gol

Versão CL passou a andar com motor Ford.
(foto: Gol CL 1990)

Em 1987, a Volkswagen e a Ford se associaram, formando a "Autolatina" e que começava a render frutos nos carros das duas marcas em 1990. No caso específico do Gol, a primeira grande mudança foi a adoção do motor AE na versão CL, de entrada. AE vinha de "Alta Economia" e nada mais era que o resultado do trabalho dos agora integrados engenheiros das duas marcas em melhorias no velho Ford CHT. Tinha excelente torque em baixas rotações e era realmente mais econômico que o AP600, porém, ficava devendo bastante em relação a este em médias e altas rotações. A ideia da marca era mudar o foco da versão CL para quem quisesse um carro de entrada com baixo consumo de combustível, mesmo que o custo disso fosse um desempenho inferior.

As mudanças mecânicas não pararam nisso. A versão GL também aposentava o AP 1.6, porém, para oferecer o AP 1.8, uma clara resposta ao Kadett SL e seu motor 1.8 de série. Além da diferença de potência, que passava a existir entre as versões CL e GL, esta também ganhava até ar condicionado opcional, item raro na época mas que não por coincidência também era ofertado opcionalmente no Kadett SL.

Além do requinte a mais, a potência agora era uma cartada final para deixar as versões CL e GL distantes e justificar a diferença de preço. Se o AE 1.60 tinha 76 cv na versão à álcool (o AP 1.6 tinha 90 cv), o AP 1.8 com o mesmo combustível rendia 99 cv.

A concorrência aumentou também com ações de Ford e Fiat. O motor CHT retrabalhado e melhorado para AE passou a equipar os carros da marca americana e o Escort L, concorrente direto do Gol GL, passou a contar com tal melhoria. O Escort GHIA, que concorria com o Gol GTS em preço (mas não em proposta) ganhou o motor AP 1.8, mais uma troca mecânica entre marcas que agora compunham o mesmo grupo, e o XR3, concorrente direto do Gol GTI, passou a ser equipado com o motor Ap 1.8S, o mesmo do Gol GTS. Já da marca italiana, o Uno 1.5R passava a ser 1.6R, reduzindo a diferença de potência que o separava de seu concorrente Gol GTS, que também era mais caro. A cartada que pegou a VW (e todo o resto do mercado) no contrapé foi o Uno Mille, com motor 1.0 e que se aproveitava da nova lei do carro popular. Se o Gol CL batia de frente com o Mille em consumo, o mesmo não podia ser dito sobre o preço, cerca de 35% maior.

A perda de potência da versão CL, o Uno Mille e as diversas mudanças na concorrência não abalaram o Gol, que seguiu como o carro mais vendido do país novamente em 1990.

1991 - Nova reestilização, dessa vez mais leve que a de 1987

VW Gol

Desenho do Gol dava sinais de cansaço e mudou levemente para ganhar fôlego extra.
(foto: Gol GTI 1991)

Em 1991, quatro anos separavam o Gol de sua última reestilização na qual a Volkswagen submeteu toda família do hatchback a mudanças superficiais. Era hora de mudar novamente e a marca repetiu a dose, estimulada principalmente pelo salto em vendas que o concorrente Uno vinha obtendo desde o lançamento da versão "Mille", no final de 1989. Isso daria novo fôlego ao compacto da VW até que uma aguardada versão de 1 litro fosse apresentada e, principamente, até que uma ainda mais aguardada completa reformulação chegasse, uma nova geração do carro.

Nessa reestilização, toda a linha ganhava faróis um pouco mais arredondados e capô ligeiramente rebaixado. Os parachoques mudavam sutilmente para combinarem melhor com os novos conjuntos óticos e detalhes de acabamento externo, como frisos, também eram ligeiramente alterados. Posteriormente, os modelos da família com essa nova configuração foram apelidadas de "frente chinesa".

A seção traseira do Gol recebeu menos mudanças em relação aos demais membros da família: apenas a tampa do porta-malas ficou com estampa uniforme na lataria, ante um ligeiro vinco que emoldurava a tampa dos modelos anteriores. O Voyage, por exemplo, ganhou novas lanternas e a Parati novas lanternas e nova tampa traseira. Nova grafia para os nomes dos carros também foram adotados.

A parte mecânica não recebia alterações, mas a versão CL de todos os modelos da família poderia receber como opcional o motor AP1800 da versão GL. Ademais, apenas novos padrões de acabamento, ainda simples, exceto para as versões GL, que passaram a ser equipadas com painel do tipo satélite, similar ao que era oferecido nas linhas GTS e GTi do Gol e GLS de Voyage e Parati.

A concorrência já existente não se mexia muito, mas com a abertura das importações, um novo rival nascia: o Lada Laika. Com tecnologia ainda mais defasada que os nossos carros da época, ele nunca representou qualquer ameaça à linha Gol.

1992 - Gol AE se torna o veículo mais econômico do país

VW Gol

Catalisador para os motores carburados.
(foto: Gol GTS 1992)

Naquele ano, após um longo período de omissão das autoridades brasileiras, eram tomadas medidas drásticas e tardias para que a emissão de poluentes dos carros fabricados no Brasil diminuísse. Na prática, as novas regras aplicadas naquele ano forçavam as montadoras a mexer em seus carros de forma a optar por equipar seus carros com injeção eletrônica ou com conversor catalítico, mais conhecido como apenas como "catalisador". Infelizmente para os fãs do Gol, a VW optou pela segunda, mais barata e fácil de ser aplicada, pois exige poucos ajustes nos motores, mas menos eficiente que a injeção eletrônica. O Gol CL 1.6 com motor AE1600 passou então a ser considerado o carro mais econômico do Brasil e a adoção de injeção eletrônica só o faria melhorar. O Gol GTi, por já possuir a injeção eletrônica, não precisou ser equipado com catalisador naquele momento. Essa era a única alteração mecânica para o ano de 1992.

A parte estética não recebia mudanças, pois o carro havia recebido uma reestilização no ano anterior. No acabamento, todas as versões receberam apenas novos padrões de tecidos e as qualidades ou defeitos eram mantidos no mesmo nível.

O ano de 1992 foi um dos que o Gol menos recebeu alterações em sua história e o surgimento da nova geração era iminente, mas, mesmo assim, o carro foi o mais vendido do país pelo sexto ano seguido. A concorrência,porém, se mexia bastante. As versões acima de 1.0 do Fiat Uno receberam injeção eletrônica monoponto para reduzir as emissões, o que trouxe junto ganhos como maior desempenho e economia, além de partidas rápidas e o fim da necessidade do uso de afogador e regulagem de carburador. A linha Uno ganhava também nova dianteira e novo interior, mais atuais. A linha Kadett também ganhava injeção monoponto, exceto o esportivo, que passou a ser equipado com injeção multiponto e a ser chamado de GSi, ganhando importante arma na luta com o Gol GTi pelo título de nacional de melhor desempenho. A Lada trazia o Samara, carro com porte do Passat e preço na faixa do Gol GL. Mais moderno que os irmãos Laika, mss nada que impressionasse, teve um bom começo, mas sem ameaçar a linha Gol ou mesmo outros concorrentes.

1993 - Finalmente um Gol 1.0

VW Gol

Com 3 anos de atraso, VW contra ataca a Fiat nos modelos abaixo de 1000cc
(foto: Gol 1000 1993)

Em 1990, o governo brasileiro reduziu o IPI para 0,1% para carros com motor de até 1000 cilindradas como forma de renovar a frota e aumentar os empregos na indústria automobilística. Logo em seguida , a Fiat lançou o Uno Mille e ,com ele, lançou também um problema para todas as concorrentes. Três anos e muitos consumidores perdidos depois, a VW apresentava seu primeiro carro 1.0: O Gol 1000. O motor era da família AE, a evolução do CHT, batizado de AE1000 e que rendia 50 cv. Apesar da concepção antiga, com comando de válvulas no bloco, por exemplo, ele foi bem concebido, com potência acima do Mille básico, funcionamento suave e muita economia.

Seu acabamento era baseado na versão CL, mas ainda mais simples, com óbvio foco em redução de custos. Itens como quebravento retrátil e ventilação forçada de três velocidades eram "luxos" que o Gol 1000 cobrava à parte. Os tecidos dos bancos eram mais ásperos que os do Gol CL e os pneus os mais estreitos de toda linha.

Esteticamente, o Gol 1000 já foi lançado com os para-choques de plástico na cor cinza ao invés de preto, algo que foi aplicado a toda linha para1993, exceto nos esportivos GTS e GTi, que mantinham seu para-choques pintados. Já na parte mecânica, o carburador dos motores 1.8 passa a ter controle eletrônico do afogador, algo que foi fonte de alguns problemas crônicos aos proprietários não só de carros da família "BX", mas outros modelos da Autolatina. O Gol GTi ganhou novas opções de cores: amarelo sunny, vermelho colorado e branco dakar (perolizada, o famoso "branco pérola").

VW Gol

Gol GTS e GTi ganhavam as famosas rodas BBS
(foto: Gol GTi 1993)

A concorrência também apresentava novidades neste promissor mercado de carros com motores pequenos e incentivos fiscais. A Ford mostrava a nova geração do Escort, alinhado com o Europeu (exceto na mecânica), mas a carroceria que estava se tornando antiga permaneceria na versão Hobby, inicialmente apenas com o motor AE 1.6. Seu preço rondava o Gol CL de motor idêntico, ao passo que a nova geração do Ford na sua versão básica L, tinha o motor AE 1.6 e batia de frente com o Gol GL, de motor 1.8. O XR3 passava a ser equipado com a mesma mecânica do Gol GTI, literalmente ganhando fôlego para enfrentar os concorrentes. A Chevrolet apresentava o Chevette Junior, versão bastante simplificada do seu compacto e motor 1.0 que, por conta do peso do veículo, idade do projeto e tração traseira, tinha o pior desempenho da categoria.

O Gol 1000 travou uma briga ferrenha com o Uno Mille para conquistar os consumidores e ambos revezavam a primeira posição no ranking de vendas de carros com motor 1.0, sendo assistidos de longe por Escort Hobby e Chevette Junior. O Uno, porém, levava vantagem sobre o modelo da Volkswagen em um número maior de meses, mas é inegável que sentiu o baque da nova versão do poderoso rival.

1994 - Preparando o terreno para o novo Gol

VW Gol

Série especial COPA marcou fim do Gol de 1ª geração com motores maiores que 1.0
(foto: Gol Copa 1994)

O ano de 1994 foi marcado por poucas mudanças no Gol, já que a 2ª geração estava prestes a ser lançada. A Volkswagen introduziu mudanças tendo em vista o iminente rompimento com a Ford, voltando a equipar a versão CL 1.6 do Gol com o motor AP 1.6, mantendo o motor 1.8 opcional para a versão. A marca seguiria adquirindo o motor AE1000, de origem Ford, por mais alguns anos.

Antes do Gol de primeira geração abrir espaço para seu substituto, a VW ofereceu o Gol Copa, baseada na versão CL mas com acessórios a mais, como rodas de ferro 14" e calotas de Santana, retrovisores pintados, frisos laterais de Gol GL, diversos itens do Gol GTS (faróis de longo alcance, instrumentos do painel, aerofólio, volante e encostos de cabeça vazados), lanternas traseiras em tom fumê (iguais ao Gol GTi), colunas das portas pintadas em preto, bancos aveludados, entre outros.

VW Gol

Baseado na versão CL mas mais equipado, Gol COPA 1994 tinha o mesmo tom azul do Gol COPA 1982.
(foto: Gol COPA 1994)

Para a linha 94, o Gol ganhou um concorrente dentro da própria marca, já que por insistência do então presidente Itamar Franco, irritado com o ágio cobrado nos carros populares da época, a marca relançou o Fusca. Para que o carro se tornasse viável, Itamar propôs uma lei para que carros refrigerados a ar fossem considerados populares, pagando impostos de carro 1.0. A Ford tirava de linha o Escort L AE 1.6 e simplificava o GL para substituí-lo, já com motor AP 1.6. O Chevette Junior dava lugar ao Chevette L, com motor 1.6, usando brechas na lei que incluíram o Fusca de mesma cilindrada a pagar menos impostos, mas que igualmente não ameaçou a vice-liderança do Gol 1000 entre os populares ou a liderança geral do mercado do Gol. O Mille ganhou opção de ar condicionado, primazia entre os carros com motor 1.0. Falando em Fiat, o médio Tipo, importado da Itália, chegou aos Brasil para a linha 94, com versões 2 e 4 portas e preço entre Gol CL 1.8 e Gol GL, um excelente custo benefício. O modelo chegou a superar o Gol no mês de janeiro, mas ao final do ano, o Gol seguiu na liderança do mercado.

1995 - Nascimento da segunda geração do Gol

VW Gol

Segunda geração do modelo apresentou um salto em termos de projeto
(foto: Gol GL 1995)

A ordem da matriz alemã era clara e direta: lançar a nova carroceria do Gol na mesma época em que a Chevrolet lançasse o Corsa no Brasil, sob pena de perder um bom mercado para o então moderno Chevrolet caso houvesse um "lag" muito grande entre os lançamentos dos carros. E a filial obedeceu: em 1994, como linha 1995, surgiu a segunda geração do Gol. O projeto tinha muitas partes da plataforma da primeira geração, com profundas alterações e algumas partes vindas do Santana (que nada mais era que o Passat europeu de 2ª geração). O Gol surgiu apenas alguns meses após o Corsa ser apresentado e como a Chevrolet tinha algumas limitações de produção com o novo produto, o Gol seguiu líder em vendas.

A idéia de fazer um carro elementos da primeira geração tinha origem no fato de que a montadora poderia manter soluções praticamente idênticas no que diz respeito a suspensão, motorização e freios, mantendo assim a robustez que caraterizava o carro, mas que o impedia de evoluir ao mesmo nível de concorrentes equipados com motores transversais.

O projeto era chamado de AB9 e substituía o anterior (BX) em quase todas as versões. Quase, pois uma versão do Gol 1000 com a carroceria antiga era mantida em produção como carro de entrada da marca. Portanto, o Gol passava a ser oferecido nas versões 1000 (carroceria antiga e carburador), Plus (mesmo AE 1.0 do Gol 1000 "quadrado" comprado junto à Ford, mas equipado com injeção eletrônica monoponto), CLi (AP 1.6 de injeção monoponto), GLi (Ap 1.8 e injeção monoponto) e GTI (AP 2.0 de injeção eletrônica multiponto). O GTI (agora com I maiúsculo) não conseguiu manter o carisma do antecessor, tanto em desempenho quanto em esportividade visual. A versão GTS saia de linha definitivamente e deixava saudades.

O novo Gol tinha uma carroceria atual para a época e ganhava injeção eletrônica desde as versões básicas, mesmo mantendo a mecânica básica do modelo anterior. A VW ainda ficou devendo a versão de quatro portas, já que havia um expectativa que isso acontecesse.

A concorrência se mexia bastante. Além do Corsa citado, que veio inicialmente apenas em versão 1.0 2 portas, mas que aumentou as opções para motores 1.4 e 1.6 16v, esta no esportivo GSi, além de 4 portas posteriormente, a Fiat apresentava o Uno Mille ELX. O carro tinha mecânica do Mille Brio aprimorada para 56 cavalos, ou seja, acima da casa dos 50 cv de toda concorrência, e acabamentos internos e externos idênticos ao da versão CS, de motor 1.5. O modelo também vinha com 4 portas, vidros e travas de série e opção de ar condicionado. O Gol GTI ganhava a primeira ameaça real em termos de desempenho, representada pelo Uno Turbo. Com motor 1.4 sobrealimentado rendendo 118cv e 17,5kgfm de torque em baixas rotações, aliado ao baixo peso do veículo, também marcou época. A Ford aposentava o Escort Hobby 1.6 e apresentava o Escort Hobby 1.0, com o mesmo motor AE que era fornecido à VW. A marca também passou a importar o Fiesta de 3ª geração da Espanha, com motor 1.3 Endura e injeção multiponto, atuando numa faixa de mercado entre o novo Hobby 1.0 e o Escort GL 1.6, mirando o novo Gol CL. Tinha opção de 2 ou 4 portas e nível de acessórios similar ao Mille ELX. Nada disso abalou a liderança do Gol.

1996 - Novos motores para os extremos do Gol

VW Gol

Gol 1.0 e GTI apresentaram novidades mecânicas
(foto: interior Gol 1.0 MI)

O ano de 1996 reservou um dos melhores "presentes" para os fãs do carro desde que o mesmo surgiu: um motor 2.0 com 16 válvulas. Foi o primeiro motor multiválvulas da VW brasileira e rendia excelentes 145,5 cv de potência. Era um valor que, dentro da mesma cilindrada, só perdia para o motor GM 2.0 16V que equipava os modelos Vectra GSi e Calibra e que rendia 150cv, ou seja, modelos de categorias acima do compacto, que não competiam com o Gol.

O 2.0 16V do novo GTI tinha bielas longas, maiores que as do 2.0 de 8 válvulas, e era montado no bloco do motor 1.8 do Golf alemão. Por conta dessa engenharia, teve que ser equipado com uma elevação em forma de "bolha" no capô para abrigar esse motor mais "alto", a qual nem todos admiravam, outros, porém, compravam no mercado paralelo para equipar seus modelos da linha AB9 que tinham motores menores. Os 145,5 cv foram o auge do modelo e o GTI passava dos 200 km/h, acelerando de 0 a 100 km/h abaixo dos 9 segundos, segundo a montadora. Para se diferenciar do GTI 8 válvulas, que saia de linha, ganhava também rodas maiores, de 15", além de uma nova opção de cor, o vermelho Dakar.

Em 1996, aconteceram os Jogos Olímpicos na cidade de Atlanta, nos EUA, evento no qual a VW aproveitou para lançar mais uma série especial de seu carro mais vendido, cuja versão era homônima à cidade que abrigava as competições. As opções de motores eram 1.6 e 1.8, ambas de injeção monoponto, e o acabamento era baseado na versão CL, mas com volante e faróis de Gol GTI, rodas de 14" e calotas integrais, retrovisores pintados na cor do carro, entre outros itens menos relevantes.

No ano de separação do acordo com a Ford na desastrosa Autolatina, os últimos remanescentes do motor AE saíam de cena: o Gol 1000 de carroceria antiga parava de ser fabricado e o Gol 1.0 Plus era substituido pelo Gol Mi, com novo motor chamado de AT1000 e com injeção multiponto, cuja potência saltava de 50 para 54 cavalos e havia ganho de 15% em torque.

Finalmente um substituto para o Gol GTS aparecia na linha: era o Gol TSi. Com acabamento que misturava Gol GL e Gol GTI, ele não empolgava com seu motor 1.8, afinal, no GTS, este mesmo motor movimentava um carro muito mais leve!

Com relação aos concorrentes, o Escort Hobby saía de linha, deixando ainda mais espaço para o novo Gol Mi crescer. As demais versões do Escort ganharam nova grade frontal e o XR3 era substituído pelo Racer, com menor apelo esportivo e preço bem abaixo do Gol GTI, um Gol contra que a Volkswagen agradeceu. O Corsa ganhava versão GL com motor 1.4 de 60 cavalos e preço próximo ao Gol CL, mas perdia a versão GSi, o que novamente era benéfico ao GTI. O Kadett ganhava uma última reestilização e o GSi se despedia da linha, dando ainda mais campo para o GTI nadar de braçadas. Sobravam as versões GL 1.8 e GLS 2.0, que competiam com o Gol CL e GL.Na Fiat, o Uno Mille ganhava injeção eletrônica monoponto e o Eletronic passava a se chamar i.e., ao passo que o ELX passava a ser o EP. A potência do compacto Fiat ia a 58 cavalos, a maior da categoria. O Uno Turbo era outro esportivo que saia de cena, deixando o GTI competindo praticamente só no mercado em sua categoria. A Renault apresentava sua ofensiva no mercado de compactos com o Clio, vendido em duas versões, sempre com motor 1.6 de 75cv e preços próximos ao Gol CL e GL.

1997 - Artilharia pesada vinda da concorrência

VW Gol

Gol CL e GL ganharam injeção multiponto
(foto: Gol CL 1.6 MI)

Ano de poucas mudanças na linha do Gol, após um ano de 1996 relativamente agitado para todos. A mudança mais importante foi todas as versões receberem injeção eletrônica multipointo, fornecida pela Magnetti Marelli. Isso era necessário para poder atender as novas normas antipoluição que entravam em vigência sem recorrer a um novo catalisador mais restritivo. Com isso, os motores 1.6 e 1.8 passaram a render 89 e 98 cv, respectivamente, ante 87 e 91 de antes. Tanto as versões 1.0 quanto a 2.0 16V já tinham esse tipo de injeção.

O Gol TSi passou a ser equipado com o motor AP 2000 do antigo GTI de 8 válvulas, recalibrado para render 111cv (eram 109 cv no GTI), agora fazendo jus ao saudoso GTS. A versão GL passou a oferecer o motor AP 1.6, fazendo com que o 1.8, antes de série, passasse a ser opcional. Na prática, o GL 1.6 foi pouco produzido.

O acabamento da versão CL ganhou conta-giros como item opcional e novas calotas. Já a GL ganhou encostos no banco traseiro com item de série, além de bancos de veludo.

Com atraso, a concorrência contra atacava o Gol de 2ª geração. A Ford lançava a 2ª geração do Fiesta, com versões 1.0 de 50cv, 1.3 de 60cv e CLX 1.4 16v de 89cv, todas com 2 e 4 portas e injeção multiponto. Uma nova geração do Escort também aparecia, com o moderno motor Zetec 1.8 16v, cuja versão GL competia com o Gol TSi em preço. A A Chevrolet trocava injeção monoponto por multiponto em toda linha Corsa, curiosamente fazendo com que Corsa 1.0 e 1.4 tivesse a mesma potência (60cv). O motor 40% maior, porém, tinha cerca de 25% a mais de torque. A versão 1.4 apresentava nova carroceria de 4 portas, com linhas diferentes em toda traseira em relação ao 2 portas. Fiat substituía todas as versões do Uno pelo Palio, que possuía motores 1.0, 1.5 e 1.6 16v, 2 e 4 portas e injeção multiponto em toda linha. Com isso, o Uno ganhou sobrevida com versão única EX de motor 1.0, mas que não competia diretamente com nenhuma versão do Gol. Seria o fim dessa enorme rivalidade de muitos anos?

1998 - Finalmente as 4 portas vieram

VW Gol

Gol GTI se firmava como único esportivo nacional
(foto: Gol GTI 1998)

Após anos resistindo a uma grande tendência do nosso mercado, muito mais por questões técnicas que por vontade da marca, a linha Gol finalmente oferecia opção de 4 portas. A demora aconteceu porque o projeto da 1ª geração do carro não suportava portas adicionais e a 2ª precisava de diversos ajustes até chegar a um resultado de qualidade para poder atender a uma reinvindicaçao antiga de seus consumidores. Mas essas não foram as únicas novidades.

Numa época em que os motores 1.0 atingiam seu auge no Brasil, a VW apresentou uma opção de motor 1 litro e 16 válvulas para a linha Gol. O motor rendia 69 cavalos, ante 54 da versão de 8 válvulas (e 50.2 do Fiesta, 58 do Uno e 60 de Palio e Corsa) e fez relativo sucesso. Qualquer versão 1.0 16V da linha possuia conta-giros de série para auxiliar seus consumidores a aproveitarem melhor a potência e o torque do motor, principalmente esse último, uma vez que motores 16V geralmente tinham alguma morosidade em baixas rotações, o que era agravado pela baixa cilindrada. Além do conta-giros, câmbio e diferencial encurtados em relação ao 1.0 8V auxiliaram na tarefa de fazer do carro com este motor um sucesso.

Uma nova versão nascia, a GLS e que, ao contrário da versão homônima na perua Parati, tinha um acabamento mais focado para o luxo que para a esportividade, mas que não emplacou e sequer chegou à linha 1999, pois acabava concorrendo com o recém lançado Golf GL 1.8. Ainda em 1998, os carros da linha puderam ser equipados com air bag, mas infelizmente ainda apenas para o motorista.

A concorrência pouco se mexia, após um ano de 1997 muito agitado. A Chevrolet lançou o Corsa Super 1.0, com acabamento melhorado em relação ao Wind e motor 1.0, pela primeira vez presente nesta carroceria. O modelo ainda aposentou o motor 1.4 de 60 para abrir espaço ao novo 1.6 8v de 92cv. O Kadett saia de linha e dava lugar ao Astra, carro que não competia diretamente com nenhuma versão do Gol. A Ford mostrava o Ka, modelo subcompacto com desenho à frente do seu tempo e os motores 1.0 e 1.3 (50 e 60cv) do Fiesta.

1999 - 3 milhões de Gols

VW Gol

Gol atinge marca histórica perto da virada do século
(foto: Gol Special 1999)

O Gol passou o ano de 1999 quase sem novidades. O surgimento do Gol Special, porém, devolveu ao modelo participação no mercado de carros de entrada. Consistia numa simplificação do Gol Mi para trazer seu preço aos patamares do Uno Mille EX e, dependendo dos opcionais, também para concorrer com versões básicas do Fiesta, Corsa e Palio. Trazia rodas e pneus mais estreitos, lente de setas dianteiras na cor âmbar, perdia o conta-giros, revestimentos gerais mais simples, entre outros cortes.

Em dezembro, o Gol atingiu a marca de 3 milhões de unidades produzidas, número muito próxima às 3,4 milhões de unidades do Fusca, produzido no Brasil entre os anos de 1959 e 1986, depois entre 1993 e 1996, anos da fase "Fusca Itamar".

A nova concorrência, vinda de marcas de origem francesa, se mexia. O Clio de segunda geração era lançado, dessa vez com opção 1.0 8V de 59cv e air bag duplo de série. A versão 1.6 recebia ajustes no motor e chegava aos 90cv e suas versões tinham preços entre o Gol GL e TSI. A Peugeot mostrava o seu 206, com design muito à frente do seu tempo e opção única de motor 1.6 com 90cv e preços próximos ao do Gol TSI. As demais marcas apresentaram apenas séries especiais, com o Palio 500 anos e o Ka Techno.

2000 - Primeira grande reestilização da 2ª geração

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Gol chega aos anos 2000 com carroceria bastante modernizada.
(foto: Gol 2000)

O Gol entrou em 2000 com uma reformulação geral que só não afetou a versão Special, na qual a VW batizou de "Geração III", mas que era apenas uma reestilização da carroceria lançada em 1994, pois a plataforma e o projeto básicos permaneceram. Na reformulação, a dianteira ganhava contornos mais atuais, com linhas menos redondas e vincos que ajudavam a rejuvenescer o projeto já cansado do carro. Na traseira, uma repaginação menor que na dianteira, mas que cumpriu bem o seu papel, incluindo lanternas translúcidas, enquanto para as laterais sobraram apenas novas maçanetas, frisos e rodas. O interior era amplamente revisto graças a um novo painel, com linhas bastante modernizadas, ergonomia bastante melhorada, novos painéis de portas e revestimento. Ajustes nas suspensões, câmbio e injeção para os conhecidos motores 1.0 8V, 1.0 16V, 1.6, 1.8, 2.0 e 2.0 16V eram as únicas alterações mecânicas do Gol. Era possível também comprar carros da linha Gol com air bag duplo pela primeira vez.

VW Gol

Colocando o Gol em uma nova fase e tentando otimizar a oferta de acessórios, a VW não nomeava mais as versões, exceto a GTI. Era possível comprar um Gol 1.0 8V completo, o que incluia air bag duplo, ar condicionado, direção hidráulica, maçanetas cromadas no interior, bancos aveludados, entre outros, ou um Gol 2.0 8v com vidros manuais, sem ar condicionado ou direção hidráulica, volante de aro fino e bancos com acabamento em tecido simples. O pacote completo de qualquer motor poderia incluir rodas de 15 polegadas iguais às do Gol GTI e isso fazia com que o único diferencial estético do esportivo com relação ao 1.0 8V completo fossem as incrições 2.0 16V e GTI que eram colados na carroceria e o carro, que quando surgiu em 1988 trazia diversos itens exclusivos, agora era facilmente confundido com qualquer outro Gol, o que certamente não fez os fãs do esportivo muito felizes até que, no final do ano, a marca anunciou a linha 2001 sem o GTI Era o fim de uma era.

O Gol "G3" foi um belo baque na concorrência, que ainda assim reagiu. A Chevrolet fez uma leve reestilização externa no Corsa, com novos parachoques e faróis e lanternas translúcidos. Já a Ford promoveu uma reestilização ainda maior no Fiesta, que perdia a frente "chorão" e ganhava nova linha de motores, o Zetec Rocam, de 8V e muito modernos, que mesmo não sendo os mais potentes (1.0 de 65cv e 1.6 de 95 cv) faziam de Ka e Fiesta os novos compactos não esportivos mais rápidos do Brasil, desbancando até mesmo os motores 16v da concorrência. Nenhuma ofensiva parecia adiantar e o Gol reinou absoluto no mercado também em 2000.

2001 - Precursor do dowsizing

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Gol Turbo ameniza um pouco o fim do GTI
(foto: Gol Turbo 2001)

Logo no início do ano, a VW apresentou o Gol Turbo, com motor 1.0 16V

Em dezembro, o Gol atingiu a marca de 3 milhões de unidades produzidas, número muito próxima às 3,4 milhões de unidades do Fusca, produzido no Brasil entre os anos de 1959 e 1986, depois entre 1993 e 1996, anos da fase "Fusca Itamar".

A nova concorrência, vinda de marcas de origem francesa, se mexia. O Clio de segunda geração era lançado, dessa vez com opção 1.0 8V de 59cv e air bag duplo de série. A versão 1.6 recebia ajustes no motor e chegava aos 90cv e suas versões tinham preços entre o Gol GL e TSI. A Peugeot mostrava o seu 206, com design muito à frente do seu tempo e opção única de motor 1.6 com 90cv e preços próximos ao do Gol TSI. As demais marcas apresentaram apenas séries especiais, com o Palio 500 anos e o Ka Techno.