O Fiat Uno é um automóvel de muito sucesso fabricado no pela montadora italiana FIAT, sendo o carro de entrada da marca no Brasil desde que o 147 saiu de linha, em 1986. É um carro mundial e que foi originando uma família com o passar dos anos em diversos mercados. No Brasil, o sedã Prêmio (renomeado para Duna em seu derradeiro ano), a perua Elba e os utilitários Fionino picape e Fiorino furgão tem sua existência originada no compacto hatch.  
 
Começou a ser vendido por aqui em 1984, inicialmente para substituir o 147. Apesar do projeto relativamente moderno que o 147 tinha para a época, com uma carroceria compacta, motor transversal e bom espaço interno, era preciso responder ao VW Gol, que já estava começando a embalar em vendas após um início difícil que teve. Assim, o 147 ficaria em linha apenas para bater de frente com o Fusca na disputa de carro mais barato do país.  
   
A idéia de substituir o 127 (147 aqui, derivado mas não idêntico) começou em 1978, na Itália. Ao Brasil, haveria a luta do Uno com o Chevette e com o citado Gol e em várias partes do mundo, diferentes concorrentes eram selecionados. Carros como o Renault Clio, Volkswagen Polo, Peugeot 205 e Ford Fiesta eram alguns de seus alvos na Europa, além de compactos japoneses que surgiam aos montes na época.  

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Uno europeu no lançamento por lá, em 1983

 
   

Após 26 anos lutando contra os concorrentes e dado como "morto" por alguns no final da década de 90, o Uno acaba de entrar na segunda geração, que já é um grande sucesso de vendas e está muito cotado a ser vendido na Europa. Acompanhe nessa história o ano a ano da jornada de sucesso do Fiat Uno.

 

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Fiat 127, o "irmão" do nosso 147 e antecessor do Uno na Europa

 
   

1984: A Fiat desde sempre foi especialista em carros compactos. Em 1971, lançou o 127, carro de tração dianteira, motor transversal e grande espaço interno para os padrões da época. Originou o modelo 147 vendido no Brasil a partir de 1976, mas a chegada de concorrentes de peso na Europa a partir de meados da década forçavam o fabricante a pensar no substituto do 127. Assim, em 1978, nascia o projeto "Tipo 146", o qual originaria o Uno.

 

 

 
Após quase 5 anos e mais de 4 milhões de quilômetros rodados com protótipos, o Fiat Uno era apresentado pela primeira vez. O cenário escolhido foi o Cabo Canaveral, localizado no estado da Flórida (EUA), em 20 de janeiro de 1983. O palco escolhido dava uma idéia da importância do carro para a marca italiana. Linhas retas e revolucionárias para a época marcaram o modelo, que apresentava fantástico espaço interno e aerodinâmica boa até para os padrões atuais (cx de 0,34).  
   
O carro estava realmente à frente de seu tempo. A preocupação com a aerodinâmica se mostrava presente nas maçanetas da carroceria de 2 portas, que ficavam praticamente escondidas na coluna "B" (central) do carro. A carroceria de quatro portas, porém, sempre teve maçanetas convencionais. O formato do parabrisas permitia o uso de apenas uma palheta longa para completa varredura de toda a área.  
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Uno CS 1984
 
Na parte interna, o destaque principal era o espaço interno. Com carroceria alta com grande distância entreeixos, a Fiat conseguiu um excepcional aproveitamento de espaço, deixando seus concorrentes para trás neste quesito por muitos anos. O painel com instrumentos do tipo "satélite" também tinha seu brilho. Os comandos ficavam ao alcance das mãos e o cinzeiro era deslizante.  
   
Eis que o ano de 1984 chegou e trouxe com ele o Fiat Uno ao Brasil, apenas um ano depois do lançamento mundial. Com um motor 1.05 a gasolina de 52 cv de potência e 7,8 kgfm de torque (versão S) e outro 1.3 à gasolina/álcool com 58/59,7 cv e 9,9/10 kgfm (opcional para o S e de série para o CS), o carro não impressionava, mas dava conta do recado dentro da categoria em que se encontrava. Era a mesma mecânica do 147 da época, incluindo o câmbio impreciso e de engates difícieis.  

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Cinzeiro deslizante do Fiat Uno

 
   
Externamente, não era idêntico ao modelo no resto do mundo: o capô do modelo brasileiro era mais alto para que o estepe pudesse ser acomodado no cofre do motor. Isso por que a suspensão traseira, de sistema independente McPherson com feixe de molas na transversal e também vinda do 147, não permitia que se colocasse o estepe no compartimento de bagagens. Isso foi necessário porque a Fiat constatou que, em solo brasileiro, os amortecedores do modelo italiano montados em um eixo de torção não durariam o esperado. Se ganhava em resistência, perdia em conforto e custo de manutenção, uma vez que esse tipo de suspensão exige periódicos alinhamentos.  
   

A parte interna também reservava algumas boas novidades, como o painel com comandos satélite, bastante ergonômico para a época. O acabamento era fraco no S e apenas correto no CS, mas esse vinha relativamente bem equipado, com um painel completo, incluindo relógio analógico e check-control, limpador e lavador de vidro traseiro e acabamento em tecido resistente.

 
   
A evolução técnica com relação ao 147 era evidente, assim como a praticidade do carro, seu espaço interno e economia, mas não se pode dizer que o Uno caiu no gosto do povo logo de cara. Até apelidos pejorativos foram dados ao carro, tais como "bota ortopédica" e "apito". Mas, como veremos depois, valeu a pena para a Fiat apostar no carro.  

 

 
1985: Durante o primeiro ano de vida, apesar de, à época, ser um modelo revolucionário e uma compra extremamente racional, o modelo não foi exatamente um sucesso em vendas, mas a Fiat não planejava desistir cedo ou parar por ali e logo buscou incrementar a linha.  

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Uno SX 1985

 
Eis que a primeira medida foi o lançamento de mais uma versão: a SX. Nome vindo de "Sport Experimental", o SX nada mais era que um CS com acabamento ligeiramente melhor, conta-giros, volante de quatro raios, calotas integrais, faróis de longo alcance e arco nos para-lamas.  
   
A única alteração mecânica do SX com relação a um CS ou S 1.3 era o carburador de corpo duplo, elevando a potência para 70 cavalos na versao a álcool, com torque de 10,6 kgfm. O ganho de quase 11 cavalos veio não só do carburador de corpo duplo, mas também de alterações no motor que elevaram a rotação de potência máxima a 5600 RPM, ante 5200 dos outros 1.3. Com isso, o desempenho era bem parecido, havendo diferença maior apenas na velocidade final.  
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1986: A família cresce
 
  É lançado o sedã do Uno, batizado de Prêmio. Na verdade, começou a ser vendido ainda em 1985, no final do ano, já como linha 86. Possuia um porta-malas surpreendente e tomou a posição de maior do país, superando carro de categorias superiores como Chevrolet Monza, Ford Del Rey e Volkswagen Santana e chegou perto do enorme Opala. Com versões S 1.3 e CS 1.5, exibia logo de cara uma peculiaridade: o Prêmio S tinha acabamento interno e decoração externa idênticos ao Uno CS, ao passo em que o Prêmio CS tinha repetia os acabamentos interno e externo do Uno SX.  
     
  A família Uno deu origem, em março de 1986, a um novo rebento: a Station Wagon Elba. A Elba tirava de linha a desajeitada Panorama, Station Wagon derivada do 147, e chegava com as mesmas características do Prêmio: versão S 1.3 com acabamento de Uno CS e CS 1.5 com acabamento de Uno SX. Seu porta-malas fez mais sucesso que o do sedã Prêmio, pois era muito maior que a da enorme Chevrolet Caravan, maior Station Wagon nacional na época. Com a Elba, surgiu a primeira roda de liga-leve em um Fiat nacional.  

































































































































































































































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