O Gol é o carro de entrada da VW no Brasil e em alguns mercados de países em desenvolvimento. Em sua história desde que foi lançado, sempre teve a mesma configuração: hatchback de 2 volumes e que só ganhou versão de 4 portas em 1998, já na segunda geração. O modelo originou uma família extensa, contando com o sedan Voyage, a Station Wagon Parati e a picape Saveiro.  
 
Quando surgiu, em 1980, o Gol já recebia uma missão das mais ingratas: fazer o brasileiro parar de comprar o Fusca, o carro nacional mais vendido de todos os tempos até então (título pelo qual só perdeu em 2001, para o próprio Gol) e que sempre esteve nas graças do povo brasileiro graças a itens como robustez e mecânica simples e barata. Isso porque carros mais modernos, como o Fiat 147, começavam a roubar mercado da montadora alemã e a mesma tinha que se mexer antes que fosse tarde.  
   
Projetado na década de 70 e com alguma (e distante) descendência do então moderno e bem sucedido Passat (lançado por aqui em 1974), o carro demorou para deslanchar em vendas no mercado nacional na mesma proporção em que seu primeiro motor de 42 cv demorava para embalar. O parentesco com o Passat ficava claro na disposição longitudinal do trem de força, ao passo em que os mais modernos VW da Europa (Polo e Golf, por exemplo) já utilizavam a disposição transversal.  
 
Com mais de 5 milhões de unidades produzidas no Brasil nesses quase 32 anos (inclui cerca de 1 milhão de unidades exportadas) resolvemos preparar esse texto para que você possa conhecer um pouco da história do modelo.  

Gol

1980: Primeiro Gol, versão LS

 
Em 1980 nascera o carro que teve a missão mais importante da história da VW no Brasil: atrair os compradores do campeão de vendas de todos os tempos de então no país, o VW Sedan (que só passou a ser oficialmente chamado pela VW de Fusca em 1984, mas iremos chamá-lo assim por todo o texto). Compartilhava com o antiquado "besouro" o fraco motor 1,3 "à ar" (essa denominação era errônea, pois infelizmente o motor era apenas refrigerado a ar e não movido pelo mesmo...) de carburação simples. E justamente o motor que tanto atraía as pessoas a comprarem o Fusca foi apontado como o principal motivo pelo fato do Gol ter encalhado nas concessionárias, como veremos adiante. O hatchback era vendido nas versões "standart" e S, essa com mais itens de série, alguns modernos para a época, como cinto de segurança de 3 pontos.  
   
O motor, apesar de ser o mesmo 1,3 litro encontrado no Fusca, rendia 42 cv ante os 38 cv produzidos no "besouro", graças a menor vazão da turbina de arrefecimento pelo fato do motor ser instalado na dianteira e receber naturalmente boa refrigeração apenas pelo deslocamento do carro. Talvez por medo de falhar ao tentar atrair os consumidores fiéis ao Fusca ou mesmo por excesso de zelo no que diz respeito ao consumo de combustível, a VW manteve exatamente o mesmo motor deste ao invés de equipar o compacto pelo menos com o 1.6 de dupla carburação que o Brasília tinha desde 1976. Outra atitude algo conservadora da montadora foi projetar o carro com a (consagrada, diga-se) disposição longitudinal no trem de força. Dentro da linha do próprio fabricante (não no mercado nacional) já existiam carros com trem de força disposto transversalmente e que apresentavam excelente robustez, como o Golf, um grande sucesso de vendas na Europa.  

 

 
O comportamento do Gol era notável para a época, pois o chassi permitia o contorno de curvas com muita segurança, o que fazia dos 42 cv desenvolvidos pelo motor serem mais decepcionantes ainda. Ainda, os freios utilizavam duplo circuito em diagonal e discos na dianteira. Em relação aos concorrentes era uma clara evolução e compará-lo ao Fusca chegava a ser covardia. Mas andar que é bom... Foram vendidos 46.733 unidades do carro em 1980.  

1981: Nova tentativa

Na tentativa de salvar o projeto, a equipe de engenheiros da VW teve que trabalhar com muita agilidade. E os apenas pequenos ajustes que deveriam ser feitos em um carro de projeto novo se transformaram em muitas mudanças para um modelo que nem bem havia completado um ano de vida. O primeiro passo foi o lançamento do motor movido a álcool, para combater o concorrente 147, da Fiat e aproveitar o "alento" de potência que a maior compressão de um motor a álcool permitia. Outra mudança envolvia as versões do modelo. A "S" substituía a "standart" (sem nomeclatura) e passava a ser a básica do compacto, mas sem grandes adições em itens de série ou opcionais. Para o topo da linha, foi lançada a versão LS. Porém, a mudança mais importante foi a troca do raquítico motor 1.3 de carburação simples e 42 cv pelo 1.6 (ainda refrigerado a ar) de dupla carburação e 56 cv quando movido a gasolina. Essa alteração extremamente positiva gerava outra negativa: diminuição do espaço no porta-malas. Mas compensava! Isso porque, com o novo motor (de bloco e carburador maiores), o estepe teve de sair do "cofre" do motor e foi parar no porta-malas, roubando-lhe muito espaço. Então, algum tempo depois, a VW percebeu que se passasse a montar o estepe de maneira invertida ao qual era montado na época do motor 1.3, o mesmo caberia no cofre do motor novamente e com isso o espaço foi "devolvido" ao porta-malas. Diz a lenda que a ideia partiu de um cliente da marca, mas o que interessa é que veio a calhar.  
 
Como é possíve perceber, 1981 foi um ano bastante agitado e de mudanças significativas na linha VW por conta do Gol. O compacto começava a originar novos membros daquela que era chamada "família BX". Para substituir o Brasília nasceu o sedan Voyage que, apesar de ser um Gol com 3 volumes, vinha equipado com motor 1.5 "a água" (novamente falamos em refrigeração) do Passat, com 65 cv, além de frente mais atraente que a do hatch que lhe deu origem ao utilizar os piscas ao lado dos faróis, ao passo em que o Gol os utilizava nas extremidades do pára-choques dianteiro. Os faróis também eram diferentes dos que equipavam o hatch (maiores) e suas versões abrangiam, além das S e LS do Gol, uma mais requintada, denominada GLS.  
   
Boa parte dos itens que diferenciavam o Gol do Voyage eram bons indicativos do que estava por vir ao hatch, principalmente por que as vendas do mesmo não emplacaram nem com o "novo" motor 1.6 a ar: As vendas do carro caíram e apenas 38.595 unidades do Gol saíram das concessionárias.  






























































































































































































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